domingo, 15 de maio de 2011

Em Silêncio





















Chovia...
Em silêncio, ela se foi.
Nem palavra, nem um sorriso.
Nem nada... Nada mais.
Aquela noite era fria...
O seu coração era quente...
E o seu olhar... Ah, o seu olhar...
Ele dizia mais...

Ela partiu
Ao virar a esquina, ela sorriu.
E olhou pra trás... Mas, não pra mim.
Nem pra ninguém.
Aquele olhar era um segredo.
O seu sorriso era sem medo.
Passos firmes... Achei que poderia voltar...
Mas, ela? Ela não voltou mais.

E eu pude perceber...
Que no seu olhar sem rumo certo.
No seu sorriso sem direção
Ela, apenas partia, sem dizer aonde ia...
Ela não disse mais nada...
E, em silêncio... Ela se foi.


Ananda Oliveira

domingo, 1 de maio de 2011

Casa



Por hora, ausento-me de fora e encontro-me totalmente dentro.
Deixo-me descansar em mim.
Canto. E, por cantar, deito-me em versos e melodias. Preencho-me.
Se for preciso dizer o que trago aqui, não direi tudo em palavras. Não seria metade do inteiro que eu sinto...
Não fujo, não finjo. Apenas não digo.
Sou breve, mas, aqui dentro, há canções e todos os seus acordes e arranjos.
O que ressoa do lado de fora não é nem metade do refrão.
Por dentro, refaço-me a cada instante.
Por fora, só traços de mudanças constantes.
Sinto. De dentro para fora. E é tudo.
De fora para dentro só há reflexos, porque o que vem de fora reflete em mim, e não eu nele.
O que me domina por dentro é aquela história de que "o interno não aceita tintas".
Coloro o externo. A minha carta de chegada. Convite de visitas.
Já o interno é a festa, propriamente dita. É o espetáculo sem ensaios.
Onde recebo os convidados e sirvo o banquete dos sentimentos nobres.
  
Ananda Oliveira